Diante desta situação surrealista que vivemos, sem saber onde estamos e sem saber para onde vamos, ela tomou uma decisão radical e inusitada. Chutou tudo pra longe e adotou uma postura de ligar o foda-se, e ligou. Suspendeu todas assinaturas de jornais e revistas, não sabia mais o que era fake ou o que era real. Parou de ver TV aberta. Se afastou de redes sociais e congêneres. Só atendia seu celular para os hiper amigos. Diminui o ritmo das saídas, mas não abandonou tudo o tempo todo.
Começou a cultivar a postura ‘de pernas pro ar’ literalmente. Agora só livros relaxantes, seriados, deitava-se na espreguiçadeira e recebia generosas doses de sol. Meditação diária e outras atividades zen compunham seu dia a dia.
Beirando quase os 70 anos, já havia vivido bastante, avó reclusa agora. Mas desde cedo viajava, conhecia praticamente o mundo todo.
Quando recebi estas notícias através de um amigo comum, estranhei num primeiro momento, mas depois aceitei e concordei. Mesmo porque a minha opinião só interessava a mim mesmo. Não tem nada de alienação ou maluquice este tipo de atitude, cada um faz o que quer e o que pode com a sua vida. Ela encontrou uma fórmula de seguir em frente num mundo totalmente sem juízo e sem saída.